Diretor e funcionários de escola são afastados após 13 alunas denunciarem assédio em Teresina







   Mais de 10 alunas do Centro de Educação em Tempo Integral Joca Vieira, localizado na zona Leste de Teresina, denunciam ter sofrido assédio por parte do diretor e de dois funcionários da escola: um vigilante e um merendeiro. 

Até o momento, 13 boletins de ocorrência foram registrados, e as estudantes realizaram um protesto em frente à escola na segunda-feira (7), após não receberem o amparo necessário das autoridades competentes.

Os relatos das vítimas indicam que os assédios começaram há meses. 

Em entrevista ao O DIA, Dara Neto, voluntária do Movimento de Mulheres Olga Benário, que tem acompanhado o caso, afirma que estudantes do 3º ano já relataram ter sofrido assédio desde o 1º ano na instituição. 

Embora os casos tenham sido denunciados pela primeira vez em março deste ano, nenhuma ação havia sido tomada.

A situação se agravou ainda mais na semana passada, quando um dos funcionários denunciados invadiu o banheiro feminino enquanto uma estudante estava tomando banho. 

As mesmas alunas que já haviam feito denúncias anteriormente foram à coordenação da escola para relatar o incidente, mas a própria equipe da coordenação tratou o caso como uma brincadeira. 

Em um áudio ao qual o Portal 

O Dia teve acesso, a coordenadora respondeu ao relato das estudantes de forma inadequada, sugerindo que as alunas estavam passando por isso porque "o funcionário gostava delas".

As próprias funcionárias da escola não levaram a sério essa situação que as estudantes estavam vivendo. 

As meninas então decidiram se manifestar na frente da escola por estarem cansadas de ir por irem por vias burocráticas e legais, que são importantes, mas que estavam sendo insuficientes", disse Dara.

O caso envolve 10 estudantes menores de idade, que registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente, além de três alunas maiores de idade, atendidas na Delegacia de Atendimento à Mulher.

No mesmo áudio em que as estudantes denunciam o caso de assédio à coordenação, algumas das vítimas, que não serão identificadas, relatam o sufoco que têm enfrentado nos últimos meses. 

Em um dos relatos, uma jovem menciona que estava parada, mexendo no celular, quando o merendeiro acusado pegou o aparelho de sua mão e afirmou que iria adicionar seu número.

“Eu peguei o celular e sai de lá. Depois, fui pedir uma banana pra ele, e aí ele disse "Ah, tu gosta de banana?”, fazendo como se fosse o órgão genital dele”, relatou uma das estudantes.

Outro relato dá conta de que um dos funcionários acusados pegava na mão de estudantes sem permissão, além de falar coisas com duplo sentido. 

“Uma vez eu estava bebendo água, e uma mão estava no bebedouro e outra com o copo. 

Ele veio e colocou a mão em cima da minha. 

Eu tirei e sai de lá apavorada, comentou a aluna.

“A gente não desce para o refeitório se ele [o merendeiro] estiver lá, ficamos com medo. 

Isso acontece só com as mulheres”, disse outra.

O assédio se refere a qualquer comportamento indesejado de natureza sexual, que cria um ambiente hostil e pode afetar seriamente a saúde mental e emocional das pessoas envolvidas. 

Esse tipo de crime fere a dignidade das vítimas e violam seus direitos fundamentais.

Segundo a voluntária do movimento de proteção às mulheres, o estado emocional das meninas está bastante abalado. 

"Hoje, algumas delas não foram para a escola porque têm receio. 

É necessário um apoio efetivo, pois são crianças que sofreram essa violência. 

Junto com a rede de acolhimento, temos acompanhado essas meninas e garantido que, de fato, haja o afastamento desses funcionários. 

O assédio é crime e deve ser tratado como tal”, destacou.

Funcionários foram afastados

Após os inúmeros relatos e pedidos de ajuda, os funcionários acusados pelas estudantes foram afastados preventivamente da instituição, enquanto perdurar a investigação dos fatos. 

Por meio de nota, a Secretaria de Educação informou que tomou as providências cabíveis e acionou as autoridades policiais. 

(Veja a nota na íntegra ao final desta matéria).

“Isso, para a gente, é uma vitória muito importante. 

Vamos acompanhar para que de fato haja a punição desses assediadores”, acrescentou Dara Neto.

A voluntária lembra que este não é um caso isolado, e que esse tipo de violência vem ocorrendo em diversas escolas. 

No entanto, segundo ela, o poder público faz vista grossa.

“O recado está dado: se as direções das escolas continuarem passando pano para a situação, haverá uma série de manifestações em Teresina, em dezenas de escolas. 

Não vamos parar enquanto esses assediadores não forem punidos, não vamos esperar que algo pior aconteça com essas meninas”, concluiu.

Veja a nota Seduc na integra:

A Secretaria de Estado da Educação do Piauí informa que teve conhecimento neste último final de semana dos fatos alegados pelas redes sociais e imediatamente tomou as providências cabíveis, iniciando a apuração, acionando as autoridades policiais e enviando à escola as equipes multiprofissional e de gestão para escuta dos citados, Gestores, Professores, Estudantes, Grêmio estudantil e toda a comunidade escolar.

A Seduc informa também que determinou o afastamento preventivo dos citados enquanto perdurar a investigação dos fatos e que seguirá acompanhando essa apuração, além de manter as equipes multiprofissional e de gestão de forma permanente na Escola, para que prestem toda a assistência necessária à comunidade escolar.

A Seduc reforça seu compromisso irrestrito de máximas seriedade e transparência, e com um ambiente escolar saudável, de pleno respeito e de não violência, adequado para a educação integral dos estudantes.




Fonte - O Dia.
Fotos - Divulgação e Redes Sociais.

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